terça-feira, 28 de fevereiro de 2012



Já dizia o sábio Totó!


Zá zuzu bem por aqui!



segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Viva a cósmica consciência!


O preço da empáfia


William Orbit - Swan Lake (Tchaikovsky)


Like a boss!


Tentando seguir os conselhos de Raul



Aff! Odeio essa onipresença! 

Aniversário


Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)






No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas
lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

Só jogo apostado!


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Clínica do argumento!


Fever Ray - If I Had A Heart


Profissão do momento:


Psicose!


Cuidado! Um psicopato!

Em busca do pseudo-príncipe


Aff! Parece uma porção de homens que conheço...

A noite é fria, seu doutor. Você não vem?


Adoro finais felizes!!! 

Dexumininu!


Relação Íntima


Pára, sua louca!


Tá pensando que tem problemas?


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Dieta digital


Tô quietinho...



Adrenalina é grátis!



Epilepsia's Dance



C'est L'amour


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A Flor e a Náusea


Preso à minha classe e a algumas roupas,
Vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjoo?
Posso, sem armas, revoltar-me'?

Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas,
alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.

Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas,
consideradas sem ênfase.

Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.

Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio,
paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.




Carlos Drummond de Andrade

Execução em Praça Pública


12/04/2006


       Hoje tive aula de filosofia e senti um misto de aflição e alívio.
       Afinal, teremos chance de nos livrar da tal queda de Adão sendo tão perturbados?
       Minhas sensações presentes têm um gosto desagradável. Algo como perdas consecutivas de mim. Além destes malditos vícios e esta enorme aceitação para o que me fere. Parece-me uma névoa sã na densa mata destrutiva e louca. Tenho tanto medo das coisas que gosto, que me escondo no fundo do poço e as vejo passar, satisfeita e desesperada. E desta vez não é ensaio, o erro é em si.
       Não sei se tudo isso é causa ou conseqüência da enorme pressão que sinto. Sei que minha única válvula de escape tem sido a anestesia. E quanto mais guerras declaro aos meus espíritos obsessores, mais guerras perco. Daí sou uma escrava, vencida, vendida, escrota. Mas tenho algo tão puro que me dá pânico. Preciso macular-me por inteiro para que eu não sinta essa enorme vontade de ser o que perdi. Libido. Essa vontade nojenta de salvação faz com que eu me apóie nessa ajudinha mascarada, neste passatempo dos todo-bons. Prefiro me dar bem com meus erros, esconder meus gigantes e fugir do casulo novamente, mas tirem de mim esses olhos que nada entendem do que vêem, eu suplico!
       A vida me parece, às vezes, um órgão de prazer que, se não for devidamente estimulado atrofia. Para não precisar amputar minha vida, tenho apostado nos meus sonhos, para ter prazer. Não esses que temos acordados, pois a altura deles depende tanto dos outros, que nem sei se podemos chamar de sonhos... Mas o mundo onírico, onde os papéis que eu cumpro são assumidamente ilógicos e completamente verdadeiros. As pessoas podem ocupar seu devido lugar, ou seja, passageiros do barco furado em comum, e quando acordo, tenho muito mais significados para trabalhar do que em horas de conversa com muita gente. Acho que estou virando uma Eremita.   




Nanna Carolina