sábado, 10 de outubro de 2009

Leonardo Boff- A Águia e a Galinha

domingo, 4 de outubro de 2009

Dogville





O roteirista de "Dogville" poderia ter escrito um livro, e o fez. Poderia ter produzido uma HQ, e o fez. Poderia ter produzido uma peça de teatro, e o fez. O roteirista de "Dogville" poderia ter feito... E o fez. O roteirista, que não por acaso é também o diretor e o operador de câmera do filme, fez tudo isso em uma única coisa: uma obra de arte. "Dogville" é literatura, é teatro, é HQ, é... Cinema!!! Assim mesmo, com "C" maiúsculo. O filme é dividido em 10 partes, sendo 1 prólogo e 9 capítulos. A trama acontece em um único local, uma cidade pequena dos Estados Unidos chamada "Dogville", situada no fim de uma estrada que vai até as Montanhas Rochosas, na época da grande depressão americana. A quase total ausência de cenários poder assustar os menos avisados no início. O filme começa com uma tomada de cima pra baixo, onde pode-se ver o desenho da cidade, com as marcações dos espaços das casas desenhados no chão. Um narrador vai então apresentando os personagens um por um e contando suas histórias. Não existem casas e apenas algumas peças de mobiliário formam o cenário. Um dos moradores de Dogville é Thomas Edson Jr., um escritor que prolixo e medícre mas tido pela cidade como uma espécie de lider. Nesse momento entra Grace, uma bela jovem com um vestido que denota sua origem de família rica. Ela diz a Tom que está fugindo de um gângster. Os moradores de Dogville a princípio recusam-se a aceitá-la, e Tom propõe que dêem a Grace um prazo de duas semanas, para então decidirem sua sorte. Grace, em compensação, deve ajudá-los em tarefas cotidianas. Apesar de não admitirem, eles jamais dão coisa alguma, não há generosidade ou aceitação: há um sistema de trocas e é esse sistema de compensações que, aliado à personalidade de perdoar de Grace anuncia a tragédia. "Dogville" é um tratado de sociologia também. Segundo a visão do diretor-roteirista-câmera, não existe ninguém bom, não existe o bem sem interesse, não existe a bondade que não seja hipócrita. Apenas talvez o cão, que nada fez ´para contrariar sua natureza animal e permanece o filme todo "preso" em sua corrente. Nos Estados Unidos muitos críticos e espectadores sentiram-se ofendidos, acusando Lars von Trier, que é Dinamarquês, de anti-americano. O som de “Young Americans” de David Bowie e imagens de americanos empobrecidos durante os créditos finais parece ter mexido mesmo na ferida americana. Mas Dogville poderia ser uma cidade em qualquer lugar, em qualquer época. Apesar de Dogville ser situado nos Estados Unidos, todas as filmagens ocorreram em galpão na Suécia com orçamento de Dogville foi de US$ 9 milhões. Trata-se do 1º filme de uma trilogia do diretor Lars Von Trier sobre os Estados Unidos. Os demais filmes são Manderlay (2005) e Washington (2007). Com relação aos atores, o destaque principal é para a atuação belíssima de Nicole Kidman (Aliás, é redudante usar o adjetivo “belíssima” para ela) para e não menos esplendorosa (Outra redundância minha) de Lauren Bacall. Dentre os homens, o destaque é para os veteranos Ben Gazarra e James Can e para Paul Bettany, como o escritor Thomas Edison Jr.. Além é claro de John Hurt, que embora apenas se faça presente como o Narrador da história.
Por Crític'A Barata


Título Original: Dogville
Produção: Vibeke Windelov
Ano de Produção: 2003
Roteiro: Lars Von Trier
País: Dinamarca
Direção: Lars Von Trier
Duração: 178m