sexta-feira, 13 de agosto de 2004

...

Vergonha.
Tenho suspiros. Chegam cansados.
Medo de rir, meus dentes estão sujos.
Medo de cantar, desafino aos ouvidos em paz.
Medo de seguir, nunca estou certa do caminho.
Um espaço no mundo só pra sentir DESESPERADAMENTE!!! Drogas, entorpecimento.
O furacão se foi e a calmaria me mata, fui mostrando meus braços, aflitos por se algemarem.
A cegueira me invade, e como ardem-me os olhos, que agora refletem o inferno.
Lágrimas de novo, mas com a força de um oceano no cio. Ou como uma bomba.
Bomba? Não sei se meus retalhos de lágrimas podem explodir. Aprenderam somente a retrair-se.

Nanna Carolina 

quinta-feira, 29 de janeiro de 2004

Era de Aquário- Verão- Constelação de Aquário- Séc. XXI - 23h45min


       Acho que ouço de forma diferente o mesmo que todos estão ouvindo. Invento uma masturbação de ego, invento poses novas para essas mesmas fotos, escarro meus medos para minha voz parecer melhor...
       Alguns transeuntes pensamentos estão sendo barrados pela linha de força. Existe, por fora, uma manifestação qualquer contra o crescimento do meu pé-de-feijão.
       Nem sei que postura tomar na frente de crianças viajando como eu, procurando um néctar alucinógeno para dançar qualquer música. Às vezes, a gente quer que nossos ídolos sejam sempre felizes, mas se fossemos nós os ídolos, sentiríamos o peso dessa cobrança. De certa forma isso pode matar.
       Algumas pessoas precisam de mais dicas para acertar a resposta, e elas odeiam o sacrifício de aceitar ajuda. Eu também... 

Nanna Carolina 

segunda-feira, 26 de janeiro de 2004

Segunda Freira

       Me sinto cobaia de um deus puto que, além de tudo, eu tenho que puxar o saco, senão ele castiga. Estou com vontade de tomar umas atitudes, mas acho que vou acabar ficando sentada por aqui, olhando esses retratos e tendo recordações. Estou me aprontando para minha crucificação, já me vesti de dor e vou cumprir todo esse ritual sádico que todos gostam tanto de ver. Do lado de cá dos meus olhos de chuva ácida passam algumas poesias, mas acho que essas coisas não combinam com esse mundo. Vejo um monte de pré-defuntos vagando, não são nada além de um pacote pronto, mas, mesmo assim, julgam ter cumprido os “doze trabalhos”. E o mundo fervilhando de pendências.
       Existem coisas que me parecem óbvias e incrivelmente abandonadas. Às vezes sinto saudades de quando eu aprendia a crescer e achava que realmente havia algo depois de virar a esquina. Estou viciada em mundos fictícios de várias formas. Às vezes até me fazer de vítima me faz bem, mas, neste caso, o que impera é sentimento de outro metiê.
       Algumas músicas que ouço me dão uma grande vontade estranha por dentro. Nessas horas percebo as prisões que estou e quais eu gosto. Vejo a força desperdiçada.
       Se o dia que vier não se vingar de mim, vou rir outra vez desse meu medo. Agora sinto uma entrega da minha parte que forma um imenso não ter o que dizer.

Nanna Carolina 

sábado, 24 de janeiro de 2004

sábado reticências...etc blá blá blá


       Meu coração vazio está cheio de mágoas. Uma luz amarela deste boteco de fundo de quintal está doendo minha vista. A gente encontra muitos sabores e, às vezes, preferimos enfrentar e amar o amargo. Então, é o prazer de experimentar que dá sentido ao meu existir.
       Sinceridade. Quero dar esse passo para comigo. Ser entregue é muito difícil para quem não acredita na eternidade. Eu creio, e me entrego ao prazer como se fosse um colo. Nem estou pousada na Terra agora, mas entro em combate comigo e acabo por aceitar tudo de novo... há coisas que queria saber falar mas não consigo me traduzir. Meu pensamento não é dado a imagens, prefere sensações. Explode por dentro.  É complicado não querer dominar o mundo como os outros da minha época.

Nanna Carolina 

terça-feira, 20 de janeiro de 2004

Domingo pede Cachimbo

       Por ora, a bagunça de fora mal atinge a de dentro. O vinho quente da promoção ainda não trouxe risadas. Bato à porta do meu quarto, peço a mim uma permissão para entrar. Não vejo a hora de estar ébria e envolvida, mas tenho medo da carne mais quente que respira meus ares neste quarto vagabundo. Depois eu vejo os sorrisos cínicos de quem só vê minha máscara mal feita. Tive sonhos turbulentos essa noite e acordei querendo revivê-los. Cansei de me debater na frente de nivelados. Sinto-me um tanto interrogação, agora aflita por alucinar-me e não perguntar mais nada.

Nanna Carolina 

sexta-feira, 16 de janeiro de 2004

       Estou cheia de vontades que parecem explodir no meu ventre. Todo dia tomo uma dose cheia de verdades para a noite cair e eu me embriagar de mentiras. Estou de novo atravessando uma ponte podre de vícios, por um triz...

Nanna Carolina 

terça-feira, 13 de janeiro de 2004

Corpos débeis, lucros através da fome, medo de evoluir... felicidade!!! Posso contar as pedras do meu caminho. Queria que estes tais de bem e mal fossem mais bem delimitados. Todos são muito venenosos e generosos, me dá um pouco de sono isso tudo. Às vezes nos pegamos tão idênticos a toda essa tontura, por mais livres que brinquemos de ser. Não sei se vejo a miragem ou ela me observa a querer continuar minhas coisas (Quem sabe esse seja meu sonho). Tenho tantas personagens para experimentar, quem sabe eu nem seja tão preciosa no andar da existência, mas quero ser, pelo menos, minha própria droga transcendental, minhas eternas reticências...

Nanna Carolina 

domingo, 11 de janeiro de 2004


        Estou completamente mal humorada! Não tento me entender e entro em desacordo. Estou a procurar ferrões para por nas mãos para ferir aos outros e a mim. Sinto uma íntima falta minha. Às vezes percebo minha cara toda quebrada e faço força para continuar coisas como levantar a caneta. O calor da minha cidade me faz pressentir prisão, parece que nada se encaixa. Meus pensamentos agem como piratas, estou ficando louca outra vez.
       Seguro um pedaço de morte em cada mão, a vida dorme entediada ao meu lado. Tantas habilidades, eu podia nem ser tão entregue. Noto minha pele envelhecendo minhas tatuagens. Desenhos acompanhando meus desenhos... Vejo a ignorância sendo o forte das pessoas e reflito sobre os fortes. Todo mundo é tão igual por aqui. Às vezes gosto de estar falando alto quando todos me pedem silêncio. Sei de gênios morrendo no escuro e me dá medo... Preciso escutar outras palavras, os de muito conteúdo extrapolam.
       Gosto de ver meu sangue ruborizando meu corpo de menina. Converso só com o vento e ele sopra angústia.Eu fui pluma no vento, mas me perguntei demais o porquê, já não posso ser levada. Tornados incríveis se fazem presentes e nem eles me arrastam daqui. Estou só demais quando percebo que minhas pernas é que sustentam o peso do meu corpo.
       Estou cheia de dores e até gosto de algumas, mas ao todo não completam nem o vazio que eu invento. Parece que a vida é um tipo de éter vagabundo que eu não quero mais usar, mas essa corja de viciados quer me convencer. Meus dedos, minha vista, meu caráter... tudo dói. Volto a ser eremita na multidão e meu vestido preto é a sempre máscara que desenhei. Gostaria que anjos, demônios e Dionísios realmente existissem, quem sabe essa luta ficaria mais interessante. Queria saber de onde vêm os nomes, porque a pele que goza é a mesma que sangra  e pra quê o passado fervilha na minha frente? Já me servia conseguir calar tantas perguntas.

Nanna Carolina 
        

sexta-feira, 2 de janeiro de 2004






Meu gato preto olha pela janela. Saberá ele o inferno em que está inserido? Sua beleza está intocada, apesar das experiências. Estar aquém a tudo é melhor do que a beleza.

Nanna Carolina 

            Sinto medo deste inverno, que chega ao baile na hora em que tremo. Medo de perder o que nem sei se tenho. A estranheza chega-nos como uma cobra. Não faminta, mas sempre ameaçando dar seu bote.

       Depois de ver os olhos vazios, continuo procurando formas de preenchê-los sem espelhar esses fantasmas. Quero adivinhar-lhe os pensamentos, mas quais são os meus nessa mistura? Gostaria de dissolver-me em eternas palavras, mas cavando fundo até meus mais leves sentimentos, prefiro passar despercebida. Passar...
       Seria um alívio ver um dia de minha vida passar, mas tenho sentimentos que entopem seu escape e eu fico vivendo de novo. O mesmo dia que não passa.
       Tô de novo mendigando algo que dou de sobra. Nem precisava voltar ao meu cemitério astral e, no entanto, cá estou eu, presa às certezas acerca do amor, que são minha marcha fúnebre. Presa em um dia que é igual a todos os outros dias desamados. Pobres e tristes dias, abandonados em um cemitério tosco, sem receber visitas, senão as minhas, que sou sua prisioneira. Dias sem amor, pra que servem? O que são além de fantasmas esquecidos, mal queridos, passados? Invejam os dias de amor, que são eternos. E me aprisionam, pois é forma de existirem.
       Deixem-me passar! Quero fluir pra fora dessas horas inúteis, quero a vida útil dos que são amados.
Saio do cemitério, sei que de fora parece um circo. Dias cínicos, fingem que não aprisionam. Qualquer um que se livra de vocês quer fazê-lo correndo.
     Olho dentro destes mesmos olhos vazios, como poderiam ser a solução para alguma coisa? Parecem não ter vida nem para si, como podem me inspirar tanto amor e esperança? É daí que vem o escape para estes meus dias irônicos e doentinhos? Sinto medo deste inverno, muito medo.

Nanna Carolina